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.EDITORIAL. ……………….
Rev. Ang.
de Ciênc. da Saúde. 2020 Jul – Dez; 1 (1): 1-3
Issn (Online):
2789 - 2832 / Issn (Print): 2789 - 2824
Equipa
Multidisciplinar de Profissionais de Saúde, Docentes e Investigadores Nacionais
A Revista Angolana de
Ciências da Saúde como contributo para a investigação científica de Angola
The Angolan Journal of Health Sciences as a contribution to
scientific research of Angola
Hermenegildo
Osvaldo Chitumba1*, Mário
Fresta2
Palavras – Chave: Investigação; Saúde; Ciência; Angola
Keywords: Research; Health; Science; Angola
1- Faculdade de Medicina do Huambo – Universidade José
Eduardo dos Santos (Angola). Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1905-137X
2- Centro de estudos Avançados em Educação e Formação Médica
(CEDUMED) – Universidade Agostinho Neto (Angola). Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3430-4569
* - Autor
correspondente. chitumba16@gmail.com
Doi: https://doi.org/10.5281/zenodo.5120866
Os artigos científicos publicados em revistas
cientificas contribuem para o resguardo do conhecimento nele registado, para
além de servirem de meio de comunicação entre investigadores e de divulgação de
resultados de pesquisa1. Não podemos continuar a
desenvolver este editorial sem que desvendemos a palavra “investigar” que
provem do latim “investigare” em que
os dicionários de língua portuguesa trazem-nos as definições de: seguir os
vestígios de, indagar, pesquisar, inquirir.
É
muito comum escutar-se a expressão: “é importante investigar em saúde” a
questão que se podia trazer a colação é: porquê? ou de outra forma: ao
investigar o beneficio é para o paciente ou o profissional de saúde?
Como defendido por IJsselmuiden e Matlin2, infelizmente ainda não
está percebida a essência de investir em pesquisa para saúde, atendendo a
continuidade de escassez de recursos financeiros destinados para o efeito.
Portanto, investir em pesquisa para saúde em países em desenvolvimento é uma
necessidade, não uma extravagância, pois, as pessoas almejam por uma vida plena
e saudável apesar das disparidades económicas. O dinheiro gasto em pesquisa
para a saúde é um impulsionador económico, aumenta a competitividade e aborda
os determinantes sociais de saúde.
Embora muitas vezes concebido de forma deturpada, a pesquisa em saúde não é tida apenas com o objectivo de gerar conhecimento, descobrir as melhores práticas e eliminar as barreiras ao atendimento, mais do que isso, deve levar à acção. De forma singular, os resultados da pesquisa devem orientar o desenvolvimento de políticas e programas, bem como a prestação de serviços de saúde. As intervenções devem ser baseadas em evidências e fundamentadas em pesquisas sólidas3, 4. Existem inúmeros estudos de casos feitos a nível de outras paradas acerca dos benefícios da pesquisa em saúde. Simultaneamente, é reconhecida a importância da investigação em saúde para o exercício da profissão, a tomada de decisões adequadas e eficazes, prestar melhores cuidados aos pacientes, desenvolver a capacidade crítica e consequentemente demonstrar aos outros profissionais os fundamentos sobre os quais se estabelece a prática de cada profissional.
Segundo
Unit for Sight3, as evidências sugerem que os pacientes que recebem
cuidados em hospitais com actividades de pesquisa apresentam melhores
resultados de saúde. Devendo-se ao facto de o hospital com actividades de
pesquisa ser capaz de oferecer opções de tratamento mais amplas e mais
oportunidades de inclusão em estudos clínicos.
A disponibilidade de informações de saúde,
pode garantir financiamento e promover a eficácia das intervenções. A pesquisa define
indicadores e colecta métricas de saúde, para alem de ser parte integrante obtenção de melhores
resultados. Permitem que os tomadores de decisões e doadores avaliem o
progresso em direcção aos objectivos pretendidos e melhores práticas3.
Para McAllister5, a pesquisa deve enfocar-se nas preocupações
levantadas pelos países em desenvolvimento, eliminando não apenas a lacuna nas
disparidades dos níveis de saúde dentro dos países, mas também a de
conhecimento entre o mundo desenvolvido e o em desenvolvimento.
Deste modo, são numerosos os contextos em que
os profissionais de saúde podem estar envolvidos na investigação, quer seja
como pesquisadores, coordenando estudos ou como partícipe da equipa de
investigação e/ou como utilizadores dos resultados de investigação.
Outro senão, é que infelizmente
as informações em saúde de alta qualidade não estão amplamente disponíveis nos
países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como consequência, os resultados
de maneira frequente não são medidos pelas organizações internacionais acabando
por não se ter um real panorama da situação de saúde3.
Os dados falam por si, do levantamento
quantitativo do número de revistas científicas existentes em Angola feitas por
Chitumba6 até Dezembro de 2020, do total de 17 revistas, 7 eram
editadas por instituições públicas e apenas 2 estavam vocacionadas
especificamente para a publicação de artigos científicos na área de ciências da
saúde. Atendendo que a essência da investigação é tornar público os resultados
dali provenientes, os dados acima apresentados dispensam comentários e
levam-nos a uma reflexão profunda e necessidade clara e urgente de desenvolver
a cultura científica como critério da verdade, com persistência e continuidade,
começando pela capacitação dos profissionais de saúde criando neles o gosto e o
espírito de pesquisa, afirmação sustentada por Bettencourt Mateus7.
A exemplo, em alguns países a atenção que é dedicada à investigação científica
consta da avaliação dos profissionais de saúde como forma de incentivar a
pesquisa8.
Dado
o exposto, como contributo para a investigação científica no campo da saúde em
Angola, com o objectivo de atribuir maior facilidade de acesso a produção
científica nacional e não só, bem como dar visibilidade as pesquisas elaboradas
por profissionais de saúde, estudantes, docentes, investigadores, e não só,
ajudando-os na tomada de decisão, no dia 30 de Julho de 2020, encabeçada por um
docente da Faculdade de Medicina do Huambo da Universidade José Eduardo dos
Santos. Uma Equipa Multidisciplinar de Profissionais de Saúde Docentes e
Investigadores nacionais, tornou pública a Revista Angolana de Ciências da
Saúde adiante designada por RACSaúde.
A
Revista Angolana de Ciências da Saúde é uma revista revisada por pares, que
adopta no seu processo editorial padrões internacionais de instituições idóneas.
A RACSaúde tem como foco ser reconhecida como uma revista de ciências da saúde
de grande impacto a nível nacional e internacional, dar a conhecer a África e
ao mundo a realidade da situação actual de saúde e os avanços na investigação,
para além de promover a publicação científica da mais elevada qualidade.
Nesta
senda, pecaríamos profundamente se nos despedíssemos sem agradecer de forma
especial a todos os profissionais de saúde, docentes, investigadores nacionais
e internacionais que de forma pontual e sem medir esforços aderiram ao convite
para o embarque nesta grande viagem.
Dado o contexto e por decisão
editorial, esta primeira edição ficou dedicada apenas para o lançamento do
presente editorial e de um resumo de dissertação de mestrado que trata sobre a
Evolução da saúde em Angola, cobrindo o primeiro Volume. Assim, nasce mais uma
revista científica do campo das ciências da saúde, como forma de contributo
para a investigação científica nacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Mueller SPM. O impacto das tecnologias de
informação na geração do artigo científico: tópicos para estudo. Ciência da
Informação [Internet]. 1994 [citado 20 de Novembro de 2020]; 23 (3). Disponível
em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/528
2. IJsselmuiden C, Matlin S,
editors. Why health research?. Ginebra: Global Forum for Health Research; 2006.
3. Unite for Sight. The
importance of global health research [Internet]. United States of América; 2020
[citado 20 de Novembro de 2020]. Disponível em: http://www.uniteforsight.org/global-health-university/research-importance
4. Murray CL, Lopez AD,
Wibulpolprasert S. Monitoring global health: time for new solutions [Internet].
2004 [citado 18 de Novembro de 2020]; 329 (7474):1096-100. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15528624/
5. McAllister K. Understanding
participation: Monitoring and evaluating process, outputs and outcomes. Rural
Poverty and Environment Working Paper [Internet]. 1999 [citado 10 de Novembro
de 2020];2. Disponívem em:https://idl-bnc-idrc.dspacedirect.org/bitstream/handle/10625/24628/114210.pdf?sequence=1
6. Chitumba H. Listagem das
revistas científicas angolanas [Internet]. 2020. Disponível em: http://rcangolanas.com/index.php/listagem-das-revistas
7. Bettencourt Mateus M.
Editorial ciências médicas. RevSALUS - Revista Científica Internacional da Rede
Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia [Internet]. 2019 [citado 20 de
Novembro de 2020];1(1):17. Disponível em:
https://revsalus.racslusofonia.org/ojsrevsalus/index.php/RevSALUS/article/view/100
8. Fonseca A, Oliveira MC. Novos
caminhos para a investigação em saúde [Internet]. 2013 [citado 20 de Novembro
de 2020];27(4):172-7. Disponívem em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-34132013000500005
RACSAÙDE
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