……… .EDITORIAL. ………

Rev. Ang. de Ciênc. da Saúde. 2022; 4 (1): eRACSaúde.v4i1.2023.01

e-ISSN: 2789 - 2832 / p-ISSN: 2789 - 2824  

Equipa Multidisciplinar de Profissionais de Saúde, Docentes e Investigadores Nacionais

Adopção da modalidade de publicação contínua pela Revista Angolana de Ciências da Saúde

Adoption of continuous publication by the Angolan Journal of Health Sciences

Jhony A. De La Cruz-Vargas1 , Hermenegildo Osvaldo Chitumba*2,3 , Humberto Morais4,5

 

Palavras – Chave: Publicação Contínua; Editoração Científica; Comunicação Científica

Keywords: Continuous Publication; Scientific Publishing; Scientific Communication

 

1- Instituto de Investigación en Ciencias Biomédicas, Faculdad de Medicina Humana, Universidad Ricardo Palma. Lima, PERÚ. Orcid: 0000-0002-5592-0504

2- Faculdade de Medicina, Universidade José Eduardo dos Santos, Huambo, Angola. Orcid: 0000-0003-1905-137X

3- CTBA Editora. Huambo, ANGOLA

4- Hospital Militar Principal/Instituto Superior. Luanda, ANGOLA. Orcid: 0000-0002-1471-5408

5- Centro de Estudos Avançados em Educação e Formação Médica, Universidade Agostinho Neto, Luanda, ANGOLA

* - Autor correspondente. Email: chitumba16@gmail.com

DOI: https://doi.org/10.54283/eRACSaude.v4i1.2023.01    


 

A qualificação de uma revista científica está envolvida por aspectos que transcendem a qualidade dos manuscritos publicados, envolve a profissionalização das equipas editoriais, o cumprimento da periodicidade e de padrões relacionados à comunicação científica, podendo ser afectada pelas exigências das agências de financiamento, bem como pelas fontes de indexação.

Um dos factores que influi positivamente na qualificação das revistas científicas é, sem dúvida, o encurtamento do tempo decorrido entre a decisão editorial e a publicação dos manuscritos, deste modo, a modalidade de publicação contínua auxilia nesta tarefa disponibilizando de forma célere os resultados de pesquisa, favorecendo autores e a sociedade, permitindo que os resultados de estudos inovadores atinjam o público em curto espaço de tempo.1

A publicação contínua conhecida também com os nomes de publicação em fluxo contínuo, publicação continuada, em língua inglesa por rolling pass, continuous publication, e rolling publishing, consiste em uma modalidade recente destinada a publicar os manuscritos individualmente, sem que haja necessidade de aguardar que a edição seja terminada; nela, a organização dos artigos em diferentes edições é opcional, ou seja,  a revista pode optar por editar apenas o volume que, na maior parte dos casos,  coincide com o ano de publicação. Os artigos perdem a informação de paginação contínua, para substituição por um identificador único denominado e-Location-ID.2

Por outras palavras, ao adoptar esta modalidade de publicação, as revistas não necessitam esperar para que se tenha um determinado número de manuscritos para publicar numa edição, após a aprovação, podem tornar-se acessíveis e disponíveis para consulta e citação.3

Tendo em conta esta modalidade de publicação, a revista pode seguir duas vias: pode editar somente um único volume anual que, normalmente, coincide com o ano civil, tal como já mencionado, ou pode optar por manter a sua periodicidade (semestral, quadrimestral ou trimestral) e a sua estrutura dividida em números ou edições.4

A publicação contínua oferece muitas vantagens para as revistas e para os autores, nomeadamente: possibilita uma maior rapidez na comunicação e divulgação dos resultados da pesquisa, disponibilizando imediatamente o artigo para leitura, comentários e citação; permite uma maior exposição temporal de um artigo; beneficia de valorização por parte de fontes de indexação; flexibiliza o processo de gestão editorial.3

      Não podemos deixar de descrever o outro lado desta modalidade de publicação, pois, tal como aponta Vans e Silveira5, a publicação contínua apresenta as condicionantes de que não permite que o/s editor/es e/ou equipa de gestão da revista façam um planejamento prévio sobre os temas, quantidade de artigos a serem publicados por ano, distribuição geográfica e afiliação institucional dos autores, apenas saberá ao final do ano, ou seja, na altura de fecho do volume. Entretanto, a revista pode correr o risco de publicar grande parte dos artigos sobre um tema específico.

Nestes 3 (três) anos de existência da RACSaúde também temos vindo a enfrentar dificuldades cuja solução possivelmente passará pela adopção da publicação em fluxo contínuo, dentre as quais mencionamos: atrasos nas avaliações dos manuscritos por parte dos revisores e dificuldade no cumprimento dos prazos de publicação, como consequência da dificuldade anterior. A estas somam-se as dificuldades relacionadas à elaboração de artigos científicos por parte dos autores e cumprimento das normas de publicação; escassez de pessoal capacitado na editoração de revistas científicas e motivado para encarar o desafio da publicação científica; e a falta de comprometimento de alguns revisores com a causa da revista.

Outra questão depreende-se com a falta de financiamento, pois, actualmente a revista mantém-se com fundos próprios. Não obstante, é possível observar uma luz no fundo do túnel, mediante a criação da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNDECIT), que tem como missão implementar as políticas de ciência, tecnologia e inovação e gerir os meios financeiros do Orçamento Geral do Estado destinados à investigação científica e desenvolvimento; bem como a criação de um grupo técnico pelo  Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) encarregue de dinamizar e implementar acções inerentes à primeira fase da iniciativa de concepção da Rede de Revistas Científicas e Promoção do Acesso Aberto à Informação Científica em território nacional, nos termos do Despacho N.º 3337/21 de 06 de Agosto, publicado em Diário da República de Angola, II Série – N.º 108.

Para minimizar o anterior exposto, à partida, previa-se cobrança de APC para publicação na revista, destinada ao suprimento dos custos de editoração e manutenção. Após feita uma avaliação profunda, e por formas a tornar o conhecimento científico democrático e acessível a todos os interessados, decidiu-se isentar tal cobrança, tornando-a de Acesso Aberto Diamante, ou seja, de publicação sem custos para os autores e leitores.

Portanto, acreditamos que a criação da Rede de Revistas Científicas e Promoção do Acesso Aberto à Informação Científica, permitirá a congregação dos editores, independentemente do escopo da revista numa única rede para um objectivo comum: aprimoramento do processo de publicações científicas e, quiçá, obtenção de financiamento.

      Assim sendo, este espaço de comunicação científica sem barreiras, prosseguirá sendo um ambiente de oportunidade para pesquisadores em diversas fases da construção do seu currículo académico-científico, por formas a tornar-se um dos prestigiosos e representativos meios de comunicação e informação científica no campo das ciências médicas e da saúde em Angola, ou seja, um meio pelo qual os estudantes, docentes, investigadores, e demais interessados tornem suas descobertas acessíveis à sociedade.

Assim, para o ano de 2023 passaremos a publicar de maneira contínua.

Por conseguinte, a forma de organização dos manuscritos dependerá do número recebido ao ano e da época.

A intenção de alteração da periodicidade de publicação da revista surge da necessidade de acompanhar as tendências da comunicação científica concedidas pelas principais agências de fomento à pesquisa científica e às renomadas fontes de indexação. Também das dificuldades acima referenciadas, relacionadas ao cumprimento da periodicidade de publicação e, fundamentalmente, da necessidade de disponibilização da informação científica de forma célere, dado o volume e a velocidade de informações produzidas na área das ciências médicas e da saúde.

De acordo com Vasconcelos e Alves do Nascimento6, apenas no ano 2020 na base de dados Scopus foram encontrados 5.570 artigos sobre COVID-19, onde apenas 10 foram publicados no ano de 2019 e os outros 5.560 no ano de 2020.

Importa salientar que a adopção desta modalidade de publicação em nada alterará o foco e o escopo da revista, que é o de publicação de materiais com qualidade científica, mantendo estrita selectividade, meritocracia e rigor nos manuscritos publicados, revigorando o seu lema: A investigação científica como forma de melhoria do atendimento com qualidade exigida aos pacientes.

Agradecemos profundamente a confiança e interesse pela RACSaúde, que estes sejam contínuos!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Crosseti MGO, Góes MGO. Revista Gaúcha de Enfermagem e a publicação continuada: adaptando-se às necessidades da comunidade científica [Editorial]. Revista Gaúcha de Enfermagem. 2018; 39: e82653.doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.82653

2. Packer A, Santos S, Sales DP, Salgado E. Acelerando a comunicação das pesquisas: as ações do SciELO. SciELO em Perspectiva.2016.

3. Universidade do Minho. O que é a Publicação Contínua? [internet]. Portugal: Universidade do Minho; 2022 [citado janeiro 2023]. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/76811 /1/boletim_Informativo_PublicacaoContinua_UMEd_2022.pdf

4. Scielo. Guia para publicação contínua de artigos em periódicos indexados no SciELO [internet]. Brasil: Scielo; 2018 [citado janeiro 2023]. Disponível em: http://old.scielo.org/local/Image/guiarpass.pdf

5. Vanz SADS, Silveira LD. Publicação continuada: algumas reflexões. Em Questão: revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. 2020; 26 (1): 12-16.

6. Vasconcelos IG, Do Nascimento D. Mapeamento da produção científica sobre COVID-19. Interamerican Journal of Medicine and Health. 2020;3:e202003044.

 

RACSAúde. Angolan Journal of Health Sciences. www.racsaude.com