Factores associados à insatisfação dos médicos dos hospitais de nível terciário em Luanda, Angola. Rev. Ang. de Ciênc. daSaúde. 2021 Jan – Jul; 2 (1):9-18

sociodemográficas e características profissionais. Considerámos a diferença estatisticamente significativa paravalores de p menor que 0.05.

RESULTADOS Participaram do presente estudo 164 médicos, o que corresponde a 28.2% da população de médicos dasunidades hospitalares em estudo. Do total de participantes, a maioria foi do sexo feminino (61.6%). A médiade idade dos participantes foi de 36 ± 8.4 anos, com o predomínio de indivíduos na faixa etária dos 30 a 39anos (50.7%). Na sua maioria, os participantes eram casados e com um a dois filhos tutelados (Tab.1).

Tabela 1 - Características demográficas dos participantes (n=164).

VARIÁVEIS Sexo Masculino Feminino Idade (anos) ≤ 39 ≥ 40 Situação conjugal Sem companheiro

Com companheiro Nº de filhos tutelados ≤ 2 ≥ 3

Nº DE INQUIRIDOS

63 101

100 38

75

87

111 50

38.4 61.6

72.5 27.5

45.7

54.3

68.9 31.1

%

Na Tabela 2, apresentamos os dados sobre diferentes itens que compõem a satisfação profissional demaneira global, e nota-se que mais de três terços dos participantes (83.5%) relataram estar insatisfeitosprofissionalmente. Com excepção dos itens liberdade de prescrição, especialidade e carreira médica, a maiorparte dos médicos afirmaram estar insatisfeitos em relação aos restantes itens, com maior predomínio para ositens remuneração (92.7%), horas de trabalho (89.8%), meios de diagnóstico adequados disponíveis (80.5%)e segurança pessoal (62.8%). Ao serem questionados se voltariam a escolher o curso de Medicina,surpreendentemente quase metade dos médicos (42.7%) responderam de forma negativa.

Tabela 2 - Satisfação global e respostas aos diferentes itens da vida profissional (n =164).

SATISFEITO?

ITEM Segurança pessoal Remuneração Meios de diagnóstico Liberdade de prescrição Horas de trabalho Carreira médica Especialidade Satisfação global

SIM 61 (37.2%) 12 (7.3%) 32 (19.5%) 113 (68.9%) 17 (10.4%) 94 (57.3%) 104 (67.1%) 27 (16.5%)

NÃO 103 (62.8%) 152 (92.7%) 132 (80.5%) 51 (31.1%) 147 (89.6%) 70 (42.7%) 51 (32.9%) 137 (83.5%)

Tal como se pode observar na tabela 3, não houve uma associação estatisticamente significativa entre asvariáveis demográficas e a satisfação global dos médicos.

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RACSAÚDE – Revista Angolana de Ciências da Saúde. www.racsaude.com