A Revista Angolana de Ciências da Saúde como contributo para a investigação científica de Angola. Rev. Ang. de Ciênc. da Saúde. 2020 Jul – Dez; 1 (1): 6-11
ito, obtendo-os de qualquer fonte, a preços e prazos de validade não controlados e sem mecanismos quesalvaguarde a sua qualidade.O Estado continua a ser o maior importador dos medicamentos para o sector público. As unidadessanitárias dos sectores público, que gozam de autonomia financeira e as unidades sanitárias privadasadquirem também os seus medicamentos junto dos importadores locais. A maioria das empresas importadorasde medicamentos, estão sedeadas em Luanda. As doações não cumprem habitualmente com os princípiosdefendidos pela OMS, tais como: o idioma das embalagens, os prazos de expiração dos produtos bem comoo seu fornecimento sob designações comerciais. Trata-se de situações em que é possível observar-se algumasirregularidades. Também, a distribuição dos medicamentos e outros produtos farmacêuticos é dificultada pelaspéssimas condições das vias de comunicação. A quase inexistência de armazéns provinciais de medicamentoscontribui para exacerbar os problemas de distribuição.No domínio de garantia de qualidade de produtos farmacêuticos, não existe um laboratório nacional decontrolo de qualidade de medicamentos, e não é prática comum o envio de amostras para o controlo dequalidade no exterior do país.A elevada expansão do mercado informal e as práticas incorrectas e generalizadas de automedicaçãoconstituem um factor que promove o uso irracional dos medicamentos. Em consequência, os doentesinternados e seus familiares são forçados a adquirir os meios em falta, recorrendo inúmeras vezes ao mercadoinformal para o efeito.
EQUIPAMENTO MÉDICO, NÃO MÉDICO E TRANSPORTES Não são raras as vezes em que são feitas aquisições de equipamento médico e não médico por pessoalnão qualificado, há compras de meios em quantidade e qualidade inadequadas, muitos dos equipamentos vêmcom especificações técnicas impróprias e sem qualquer garantia e há escassez de técnicos qualificados e demeios de manutenção. Estes são os constrangimentos com que se debate o sector dos meios médicos dosector da saúde. Além disso, a ausência de padronização constitui outro constrangimento, porque permite aaquisição de uma grande diversidade de marcas e modelos a qualquer preço, o que dificulta a manutençãodos meios adquiridos.
RECURSOS HUMANOS EM SAÚDE Os recursos humanos em saúde (RHS) em Angola, têm vindo a aumentar progressivamente para satisfazera enorme demanda existente. Em 1980, existiam em Angola 101 médicos angolanos, 460 médicos expatriadose 573 enfermeiros e técnicos expatriados. No mesmo ano, as vinte e duas escolas técnicas de saúde existentesno país, formaram um total de 7.312 técnicos de saúde. No âmbito do programa de reforma administrativa doGoverno, o sector da saúde realizou e concluiu de 1999 a 2000, o processo de reconversão de carreiras doseu pessoal, num total de 45.907 trabalhadores, sendo: 24.975 (54%) do regime geral de carreiras e 20.932(45%) dos regimes especiais de carreiras, o que representava 3,8% dos trabalhadores do sector público.As reformas administrativas do Estado visam corrigir estes desvios e permitir uma melhor distribuição dosRHS no território nacional, por via dos concursos públicos e atendendo às necessidades de preenchimentodos quadros de pessoal das instituições de saúde.A formação de profissionais de saúde é ministrada em instituições públicas; nomeadamente em EscolasTécnicas Profissionais de Saúde (ETPS), o Instituto Superior de Enfermagem (ISE), a Faculdade de Medicinada Universidade Agostinho Neto (FMUAN), bem como nas instituições privadas.Os profissionais de saúde depois de inseridos no SNS, continuam a sua formação via programas deformação permanente e de pós-graduação é, essencialmente, do tipo profissionalizante e apenas para oslicenciados. No caso especifico dos médicos, o seu enquadramento nas respectivas carreiras, só é possívelapós a frequência dos internatos geral e complementar de especialidade.O Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos (PDRH) identificou a necessidade de formação degestores em todos os níveis, para reforço da capacidade institucional.
FINANCIAMENTO DA SAÚDE O Governo continua a ser o maior financiador dos cuidados de saúde. A lei 21-B/92, estabelece aparticipação de terceiros no financiamento dos cuidados de saúde bem como a comparticipação do cidadãonos custos de saúde. O Orçamento Geral do Estado (OGE24) é o instrumento do governo para financiar oscuidados de saúde.
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RACSAÚDE – Revista Angolana de Ciências da Saúde. www.racsaude.com